Estive durante essa semana com um amigo norte-americano e aproveitando a oportunidade de contato com uma pessoa que vem de um país abundante em tecnologia, tive o prazer em fazer muitas perguntas sobre tecnologia, educação e é claro aprendizado.
             
            Para minha surpresa, esse colega detêm de muitos dos recursos tecnológicos/eletrônicos que são desenvolvidos em seu país, e mais, para minha sorte o jovem rapaz é Analista de Sistema, ou seja, vive submerso no mundo digital. Mas continuemos, tentarei ser breve sobre a nossa conversa:

            Logo de cara ja perguntei sobre ipad, iphone e os í´s da vida, se realmente são bons? Se ele os utiliza com frequencia? A resposta que eu tive, pode parecer óbvia, mas estava ali para tirar todas as dúvidas. De sopetão ele respondeu que não vive sem o seu iphone. E eu disse-lhe. Isso não causa muita dependência? E de forma sagaz ele me disse que sim, mas uma dependência que ele julga ser boa, e explicou. Para ele, ao invés de usar a internet para busca e pesquisa, lista telefonica para olhar mapas e numeros, relógio para ver as horas, um celular para fazer ligações e um PSP (Game portátil da Sony) ele tem tudo isso em seu Iphone, então ele vê o produto como uma unificação de recursos. Acho que a grande sacada de Steve Jobs e sua equipe, criadores do Iphone, foi a de unir vários desses recursos em um só aparelho, não sendo necessário a pessoa andar com um laptop, um celular, um relógio e etc…

            E sobre os preços não há o que discutir, é muito mais barato lá do que aqui, mas nesse momento entra toda uma discussão econômica do mercado brasileiro e acho que não vem ao caso, mas a tendência é que o produto com o tempo, perca seu valor e se torne mais acessível à população brasileira. Isso enquanto não conseguimos criar a nossa própria tecnologia. Pois bem, enquanto esse dia não vem, temos que aceitar esse valor, ou tentar através de algum conhecido que visite os EUA que traga um para nós.

            Numa segunda oportunidade, tive a chance de falar sobre educação com esse cidadão. E para minha supresa ele tinha uma visão muito crítica sobre a educação em seu país. O que ele comentou foi a bolha que está surgindo lá em relação a tecnologia e mercado. O número de cursos que são criados, novos cursos, é segundo ele assustador, a cada ano, as faculdades aparecem com um curso novo para “criar” a tendencia econômica mundial. Ele me disse um exemplo de sua própria faculdade localizada em Chicago-Illinois. O seu curso ja existia durante um tempo, Analista de Sistemas, e quando o mercado sentiu a necessidade de um funcionário mais completo para as grandes necessidades empresariais, criaram um novo curso, Analista de Situações Econômicas. Que para ele, surgiu, como uma junção de Analise de sistemas e Economia de Mercado, cursos já existentes em sua faculdade. No entanto, a parte cultural do país está minguando. Ele diz que para os próprios americanos a cultura se resume à tecnologia e ao entretenimento. Ou seja, as maravilhas eletrônnicas e ao show bizz.

            Mas o que quer dizer isso?

            Na minha opnião, isso mostra a capacidade dos EUA de prever o que virá nos próximos anos no mercado mundial, e como eles sempre querem estar a frente, criam as novas tendências, a partir das necessidades e dificuldades do mercado.Eles injetam todos os anos bilhões em investimento tecnológico. Com isso, se tornam a válvula propulsora para o resto do mundo, não tendo outra alternativa a não ser copiar o que fazem, isto é, aceitar sua superioridade tecnológica. Agora sobre a cultura, acho que desde o início do século 21, eles estão perdidos, no sentido existencial, como humanos, eles começaram a engolir a própria vida para se exaltar como os detentores da riqueza mundial, da economia mundial e para sustentar tal posto, não há outra maneira a não ser criar produtos para compra, criar rotação financeira e isso bem fazem com as parafernalhas tecnológicas. E também exportando sua cultura, mesmo que guela abaixo, mas exporta, com o intuito de fazer todo mundo gostar do que eles bem quiserem, seja Shakira, seja Justin Bieber ou com o Iphone. O que interessa é fazer o mundo consumir.

            E quando a tecnologia traz benefícios?
            
            No caso dos novos aparelhos, onde é possível encontrar benefícios, acho que convém aos países subdesenvolvidos aprender ou adaptar esses produtos em vosso cotidiano. Por exemplo os tablets, que possívelmente terá um preço acessível, pode substituir facilmente um caderno escolar. As futures gerações, tanto de professores como de alunos, tem que estar preparados para a novidade e o mais importante, facilidade. Se hoje o professor tem dificuldade de explicar um conteúdo pois demora 20 minutos para passar na lousa, isto é, transcrever com giz, imagine quando esse professor tiver na palma da mão, num tablet, um arquivo que fez em sua casa na noite anterior e ele possa passar para os alunos, via wireless, em questão de segundos? Será que vamos continuar recusando isso? Somos tão cegos e tão ignorantes para entender que essas modernidades existem para colaborar? Pode parecer pessimismo de minha parte, mas eu ficaria muito triste ao entrar na sala de aula e subitamente sentisse o cheiro de alcool e me deparasse com a cena de um professor(a)  usando mimeógrafo. Não sabe o que é um mimeógrafo? Ufa ainda bem!!! Assim eu me sinto mais esperançoso.

Hoje, via twitter, recebi uma notícia que para muitos possa parecer estarrecedora... Mas não quero ser arrogante a dizer que ja pressentia isso. Aliás, há algum tempo...
Mas continuando, aqui segue a notícia retirada da Folha de São Paulo, após ler a notícia, faço uma análise do que penso sobre tal.
Decadência ronda ciência dos EUA no seu maior evento anual

Para especialista, jovens estão "fugindo" da carreira científica

RICARDO MIOTO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O maior encontro científico dos EUA e (ao menos por enquanto) do mundo começou ontem com uma mensagem desagradável: "Já não somos mais os mesmos".
A palavra "declínio" está em todo lugar: nas entrevistas de Alice Huang, presidente da AAAS (Associação Americana para o Progresso da Ciência, responsável pelo congresso), no relatório de novembro da National Science Foundation e nos corredores do centro de convenções.
Huang fala com expressão preocupada: "Temos de enfrentar os problemas recentes. Não podemos deixar a ciência e a educação irem embora deste país".
Desde 1992, a fatia americana da produção científica mundial diminui ano após ano. Estima-se que, ainda nesta década, será ultrapassada pela ciência chinesa, que avança rapidamente.
A ciência americana é atingida por problemas que o país todo enfrenta, como a ascensão de novas forças pelo mundo, como a China, desafiando a sua hegemonia, e a crise econômica.
Mas existe um problema mais perverso do que esses, que coloca a ciência americana em um beco sem saída: os jovens mais brilhantes do país nunca desprezaram tanto a carreira acadêmica.
Calcula-se que mais de 60% dos alunos de doutorado do país não são americanos. Nos melhores programas de pós-graduação, dependendo da área, esse valor pode se aproximar de 90%, lugares em que é preciso procurar muito para achar um nativo entre os montes de indianos e chineses.
Para Jonathan Katz, físico da Universidade de Washington, os jovens americanos estão certos em desprezar as carreiras científicas.
"Eu conheço mais pessoas cuja vida foi arruinada por um doutorado em física do que pelas drogas", brinca.
Ele é o autor de um polêmico texto que há anos circula entre os físicos na internet.
Katz parece ter captado o espírito do jovem promissor que foge da ciência: "Você está pensando em ser um cientista? Esqueça! Vá estudar medicina, direito, informática. Ser cientista é divertido, mas depois precisará lidar com o mundo real."
As bolsas de pós-graduação pagam mal: um doutorando em física da Universidade da Califórnia em Los Angeles, por exemplo, ganha US$ 1.700 por mês.
Mas o problema, diz Katz, é que o tempo passa e os jovens não conseguem se livrar da vida de bolsista
"Formamos duas vezes mais doutores do que conseguimos contratar. Com a concorrência, os jovens cientistas passam até dez anos tendo de viver com bolsas".
"Um bom advogado entra no mercado de trabalho com 25 anos", diz Katz.
A solução, para ele, seria a absorção dos pesquisadores pelas universidades em caráter permanente.
O problema é que, se o país passar a formar menos doutores, que são os responsáveis por boa parte da pesquisa de qualquer nação, sua produção científica vai despencar mais ainda.

Mas por que chegamos a este ponto!??

Por que os físicos, que há pouco tempo, na corrida espacial, eram considerados os mais importantes funcionários da empresa ou do centro de pesquisa estão se tornando obsoletos, assim como uma garrafa pet.
Ja parou para pensar nas brigas passadas, como fomos muitas vezes na história da civilização humana... Na inquisição fomos queimados... e quando conseguimos levar a luz à sociedade, esses então ajoelharam sobre nós de tal forma que subimos ao topo da pirâmide ao lado do Papa. Tinhamos ao lado da religião, a importância da ciência, e é claro o seu valor.
Continuando na história... agora nos livros didáticos, sabemos que muitos deles falam sobre a segunda guerra mundial e suas atrocidades, seus crimes contra a humanidade, numeros de mortos, cidades devastadas, ditadores em ascensão e declínio. Mas e a ciência? Aonde está nesse momento? Saiba você caro leitor, que houve uma briga, americano-soviética, pelos principais laboratórios de pesquisas alemães. Eles queriam evoluir, com o que ja existia de melhor, não estavam preocupados com o que houve de mais assombroso... assim é a ciência. Objetiva e sempre procurando evoluir a nossa compreensão do que há no mundo...
Mas o que acontece a partir do momento que a chave principal da ciência se torna obsoleta?
Pode achar presunsão de minha parte chamar os físicos de chave principal. Mas o desempenho ímpar desses na história da humanidade me faz lhes dar tal relevância.
Quando somos despresados, ficamos a margem da sociedade, simplesmente não trabalhamos, procuramos caminhos alternativos para sobrevivência, e o capitalismo comporta, afinal não somos muitos.  
No fim, todo o nosso conhecimento, retido e limitado aos nossos cérebros, faz com que esperemos que a história corra os anos e assim percebam o pecado que cometem ao nos deixar de lado, e quando necessitarem do nosso conhecimento iram nos sugar, como parasitas... Hão de ficar pasmos com a heresia que cometeram com a ciência e com sigo mesmo deixando de evoluir, para procastinar.
Matam o leitero, que passa desapercebido no meio da multidão... mas essa multidão, sabe intrinsecamente, que somos úteis e necessários....
Nesses momentos, recorro à Carlos Drummond... 


Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.

E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro…
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue… não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.

A Nossa Insignificancia no Universo
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